quarta-feira, 26 de março de 2008

Psique Raptada por Zéfiro


Uma vez terminado o cerimonial de morte, conduziram a infeliz Psique ao rochedo em que deveria aguardar o esposo. Era uma montanha alcantilada. Quando ali chegou, apagaram-se os archotes nupciais que haviam iluminado a festa fúnebre do triste himeneu, e cada um voltou para casa. Os pais de Psique, encerrados no palácio, recusaram-se a sair, condenando-se às trevas eternas. Tremendo de espanto, Psique afogava-se nas lágrimas no pico da montanha, quando de súbito o delicado sopro do Zéfiro, agitando amorosamente os ares, faz ondular dos dois lados a veste que a protegia, cujas dobras se enchem invisivelmente. Soerguida se, violência, Psique reconhece que um sopro tranqüilo a transporta suavemente.
Mais leves que as nuvens, os graciosos meninos alados se elevam docemente no ar e arrebatam Psique sem lhe perturbarem o sono tranqüilo. Daí a pouco Psique desliza por um declive insensível até um profundo vale situado abaixo dela, e vê-se sentada no meio de uma relva coalhada de flores.
Deposta sobre espessa e tenra relva que formava um fresco tapete de verdura, ela olha em volta de si e percebe uma fonte transparente como cristal, no meio de árvores altas e copadas. Perto das margens, ergue-se uma morada real não construída por mãos mortais senão mediante arte que só pode ser divina. Os muros estão recobertos de baixos-relevos de prata e os soalhos são de mosaico de pedras preciosas cortadas em mil pedacinhos e combinadas em variadas pinturas.

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